Jogos Olímpicos de Paris começaram oficialmente há uma semana. Dentro dos ginásios e arenas, arquibancadas completamente lotadas. Nas ruas, franceses espantando a fama de antipáticos e ajudando turistas e toda a bolha envolvida na cobertura da competição. Porém, nada disso esconde os problemas da edição de Paris, que seriam muito mais destacados se a competição acontecesse em algum país em desenvolvimento.
O Comitê Organizador tinha dois grandes desafios: garantir a segurança da cerimônia de abertura em um local aberto e a limpeza do rio Sena. Não houve nenhum incidente durante o evento inaugural, porém, a ideia de fazer em um local aberto se mostrou uma iniciativa muito mais para a televisão do que para o público, que ficou perdido pelo trajeto de 6km e só conseguiu ver partes picadas da cerimônia. Além disso, a chuva forte que caiu durante a abertura também atrapalhou o espetáculo de maneira geral, mas, claro, esse é um ponto que não se pode controlar.
A limpeza do Sena foi destacada com um grande legado dos Jogos. Na semana que antecedeu a abertura, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, chegou a mergulhar nas águas para mostrar que estava tudo pronto para os Jogos. Só que quando foi chegando a hora da verdade, o cenário não era tão positivo assim. Os treinos do triatlo foram cancelados, a prova foi adiada e chegou a cogitar disputar a modalidade sem a natação. No fim, o evento aconteceu um dia após o marcado originalmente, descontentou atletas e recebeu muitas críticas pela qualidade da água.
Com a ideia de ser uma edição mais sustentável e mais barata, Paris apostou em várias estruturas provisórias para receber as competições. Só que isso também tem o seu preço. A Champ de Mars Arena, por exemplo, é casa do judô e foi montada no Grand Palais Éfémère, um centro de exposição. Durante a semana, os funcionários precisaram apertar os parafusos das arquibancadas. Para se locomover entre o centro de imprensa e zona mista, os jornalistas precisavam passar por uma fina passarela para não pisar no chão de areia batida. Com as chuvas, o espaço tem muitas poças de água.
Outra reclamação desta primeira semana foi sobre a comida da Vila Olímpica. Os atletas reclamaram que as opções de proteínas eram escassas e acabavam rapidamente. Vale ressaltar que os atletas brasileiros possuem a opção de comer na base do Time Brasil, onde contam com um cardápio brasileiro à disposição.
O canoísta Isaquias Queiroz reclamou da cama. Segundo o brasileiro, o colchão é muito duro e ele teve até dor de cabeça por causa disso. O comitê sueco resolveu comprar colchões próprios para a sua delegação, enquanto os noruegueses providenciaram a compra de ventiladores, já que os quartos não possuem ar condicionado. Ficava a critério de cada país providenciar a instalação dos aparelhos caso desejassem.
Durante a fase de treinamento, os representantes brasileiros do skate street brasileiro foram esquecidos pela organização. O transporte oficial não apareceu e coube ao COB ter que garantir a volta dos atletas para Vila Olímpica.
Problemas sempre vão existir em todos os locais, afinal é uma competição enorme, com mais de 10.050 atletas, de 205 países diferentes, tudo isso em uma das cidades mais visitadas do mundo. Porém, os chamados ‘países de 1º mundo’ adoram escancarar as falhas das organizações locais quando saem dos grandes centros para competir. É importante ressaltar que não existe perfeição nestes grandes eventos - seja onde for.