...

...

Moisés Rabinovici: Noite de “guerra” e manhã de trégua no Oriente Médio

Publicada em: 13/06/2025 02:08 - Notícias

O ataque às instalações nucleares iranianas partiria de Israel, com apoio dos Estados Unidos

O Oriente Médio anoiteceu em pé de guerra e amanheceu em trégua, pelo menos até o domingo (15), quando os EUA e Irã devem se encontrar, em Mascate, no sultanato de Oman, para retomar as negociações de um acordo antibomba atômica iraniana, paralisadas por impasse.

Os tambores de guerra começaram a soar quando os Estados Unidos autorizaram a partida dos familiares de militares e diplomatas de suas bases e embaixadas no Iraque, Bahrein e Kuwait. À entrada do Kennedy Center, em Washington, onde foi assistir a “Os Miseráveis”, com a primeira-dama Melania, o presidente Donald Trump inflamou mais a tensão ao se revelar “menos confiante” em alcançar um acordo com o Irã. Aos repórteres que lhe perguntaram por que estava retirando o pessoal não essencial do Oriente Médio, ele respondeu: “Bem, vocês vão ter que descobrir isso sozinhos”.

Do outro lado do Atlântico, em Londres, ao mesmo tempo, uma agência britânica de seguros marítimos divulgou um “alto alerta” aos navios comerciais transitando pelo Golfo Pérsico, Golfo de Omã e Estreito de Ormuz. O barril de petróleo refletiu a tensão subindo para 68 dólares, o maior preço desde abril.

Segundo rumores, o ataque às instalações nucleares iranianas partiria de Israel, com apoio dos Estados Unidos, que está com o porta-aviões Vinson e seus 60 caças a bordo, entre eles os da última geração de F-35 “invisíveis”, no Mar da Arábia.

A aviação israelense tem treinado várias alternativas de ataques aos alvos atômicos do Irã, protegidos por drones, satélites, mísseis e radares, sob a supervisão de sua Guarda Revolucionária. A cúpula militar do primeiro-ministro Netanyahu considera que agora haja uma “oportunidade de ouro” para executar o seu plano alimentado há décadas, porque o Hezbollah e o Hamas estão fora de combate, e o Irã ainda não recuperou totalmente sua defesa aérea atingida pelo bombardeio israelense do ano passado.

Israel considera o progresso nuclear iraniano “inaceitável”, já capaz de produzir pelo menos dez bombas atômicas com o urânio refinado em grau militar, estocado desde que o presidente Trump, em sua primeira gestão, em 2018, tirou os EUA do acordo existente com o Irã desde 2015, assinado pela França, Reino Unido, Alemanha, China e Rússia. Foi então que Teerã se sentiu desobrigado a cumprir o acordo que, no entanto, continua em vigor.

O ministro da Defesa iraniano, general Aziz Nasirzadeh, advertiu os EUA, na quarta-feira (11), que “a América terá que bater em retirada do Oriente Médio porque suas bases militares estão a nosso alcance e as atacaremos, sem considerar os países que as hospedam”. Do lado americano, o general Michael Kurilla, o chefe do Comando Central, informou a um comitê do Congresso que os planos para atacar o Irã já estavam com o presidente Trump e o secretário de Defesa. O chanceler iraniano, Abbas Araghchi, fez também uma advertência à Agência Internacional de Energia Atômica, em Viena: se ela censurar o Irã, hoje, como pedido pelo Reino Unido, França, Alemanha e Estados Unidos, “a reação será muito dura”.

Já madrugada desta quinta-feira (12), no Oriente Médio, surgiu a informação que aliviou a tensão e adiou a “guerra”: o representante da Casa Branca, Steve Witkoff, marcou encontro com o chanceler Abbas Araqchi, em Omã, para este domingo, na tentativa de romper o impasse que paralisou as negociações. Talvez os tambores da guerra tenham produzido alguma concessão para que o encontro entre os dois tenha se tornado possível.

Compartilhe:
COMENTÁRIOS
Comentário enviado com sucesso!
Carregando...